Ensino público
A escola mais presente
Alunos de Ensino Médio do Sylvia Mello, em Pelotas, experimentam e se adaptam às aulas em tempo integral
Paulo Rossi -
A Escola Professora Sylvia Mello, em Pelotas, passou a ser uma das nove instituições de ensino da rede pública estadual a oferecer atividades integrais neste ano letivo. A iniciativa da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), com aporte financeiro do Ministério da Educação (MEC), busca dar competência técnica e maior preparo aos estudantes. Na escola, a contemplação chegou de surpresa e a fase ainda é de adaptação à nova realidade que os alunos das três turmas de primeiro ano no Ensino Médio vivenciam.
A diretora-geral da instituição, Carla Vargas Bozzato, diz que já houve experiência similar com o programa Mais Educação, entre 2009 e 2014. Segundo ela, a escola está sempre aberta para acolher propostas, principalmente se envolverem alunos e a comunidade. Ela acredita que a estrutura pesou na escolha, com espaço físico, sem débitos e biblioteca, quadra poliesportiva e laboratório de informática. Mesmo assim, ainda considera as condições insuficientes. O programa deverá contemplar também a escola com novas verbas e, então, melhorias devem ocorrer.
A matriz diversificada, com 1,4 mil horas/aulas, começou a ser implantada para os alunos ingressantes no Ensino Médio. Neste momento, o componente Projeto de Vida está sendo aplicado. A ideia é mapear o que os alunos desejam para, a partir do segundo ano, começar a aplicar o ensino mais voltado às áreas técnicas. A escola já oferece curso técnico em Contabilidade e, essa experiência, também servirá para um dos objetivos: capacitar os estudantes para exercer funções como técnico-administrativo.
Na primeira amostragem, com 219 pessoas, sendo 198 alunos, a temática da ética foi a mais escolhida - 52,05% dos ouvidos têm interesse no assunto. Em seguida, internet e redes sociais (50,22%) e questões sexuais (42,46%) fecham o top três das 29 opções ofertadas. Na nova realidade, os alunos estão tendo aulas das 7h45min às 16h, com intervalos para almoço e outras refeições. Para a professora Ester Krause, de Matemática, isso ajuda a aproximá-los e a mantê-los fora das influências negativas. “Eles ficam mais amigos”, aponta. O tempo ocioso diminui e nos intervalos eles acessam a biblioteca, fazem esportes, ouvem música e, principalmente, dialogam.
Perspectivas
Se a direção ainda está tentando entender a nova realidade, os alunos já possuem suas opiniões. A mudança na carga horária fez cada aula aumentar em dez minutos. Nicolas Aires, de 16, diz ver pontos positivos e negativos. As horas a mais nos estudos compensam, pois ele costumava usar o tempo livre jogando e dormindo. O ruim, para ele, é a dificuldade para ingressar no programa Jovem Aprendiz.
Este mesmo motivo faz a aluna Kamila Vitória, 16, reprovar a mudança. Além da surpresa com o novo currículo, reclama que não conseguirá trabalhar em turno oposto. A diretora, porém, argumenta que o novo formato poderá ajudá-los na preparação para buscar um curso superior. “A gente vive em um tempo que precisa buscar outras formas, metodologias”, explica, referindo-se às mudanças no formato de preparação dos alunos para prender sua atenção.
Mudanças
Ainda se adaptando, a diretora Carla diz que pretende entender como funciona o formato. Com objetivo de melhorar o desenvolvimento dos alunos, propostas para preparação para vestibulares serão feitas. Uma delas, chamada de Semana da Produção, apresentará ideias de carreiras. Com as pesquisas, serão elaboradas metas e ações para potencializar os interesses.
As outras implementações seguem uma incógnita. “Por enquanto, a gente está buscando, através das vivências, articulá-las melhor”, defende Carla. No geral, projeta que a iniciativa vai ser benéfica aos estudantes a longo prazo. Na próxima semana, a primeira das três avaliações anuais do programa ocorrerá, com 30 questões de Língua Portuguesa e Matemática. Após a implementação eficaz do projeto, o governo pretende expandi-lo para outras escolas.
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